Um congresso é, ou deveria ser, porém, muito mais do que um espaço de produção de outputs contáveis. Infelizmente, por vezes, já pouco resta do verdadeiro sentido destes momentos que, na rigorosa aceção da palavra, significariam antes de mais “encontro”. Hoje participar num congresso quer, quase sempre, dizer “apresentar uma comunicação”, de preferência no dia que mais nos convém para a deslocação fugaz, guardar um certificado, cumprimentar alguns companheiros com quem nem é preciso gastar muito tempo (porque um dia destes fazemos um Zoom para trocar ideias!) e, talvez, “dar um giro” por uma cidade que visitamos esporadicamente ou mesmo pela primeira vez.
Estando hoje na lista das ações convencionais de comunicação de ciência, os congressos surgiram da necessidade de promover interação, de provocar a partilha de ideias e de exercitar o confronto como forma de elaboração teórica. Agora por vezes confundem-se com iniciativas de débito refugiadas na muito curta ideia de transmissão ou transferência do conhecimento.
Os encontros – os que realizamos a título profissional como os que nos acontecem na vida pessoal – supõem disponibilidade interior. Os ritmos que seguimos não são, no entanto, muito propícios ao desfrute que deve haver nos encontros. Também a pandemia acrescentou às nossas angústias com o tempo a ilusão de que podemos estar não estando, ou de que é possível substituir toda a presença pela telepresença.
O XIII Congresso da Sopcom acontecerá no inverno, na transição entre semestres. Que nessa altura possamos fazer uma pausa realmente reflexiva. Que possamos sentir a fortuna do encontro de uma comunidade que – talvez como em nenhuma outra área – precisa de experimentar mais a sensação de estar com os outros.
Madalena Oliveira, Presidente da SOPCOM |