Os investigadores académicos, jovens ou experientes, inseridos nessas relações à distância, também sofrem dessa saudade e de um vazio cujo motivo não é explicável num artigo científico (talvez noutro poema de Vinicius). Vazio porque nem sempre são compreendidos pela sociedade (o que se investiga em ciências da comunicação?!), pela família e amigos fora da academia (que não veem a investigação como um trabalho que requer horários, disciplina e muita dedicação) e mesmo pelos pares. Vazio porque é um trabalho tantas vezes solitário, ainda mais esmagado por pressões externas e por uma competitividade nem sempre saudável.
Nas áreas das ciências da comunicação, onde, por exemplo, nunca foi tão imperioso refletir sobre os mecanismos da mediação e mediatização e os seus efeitos no quotidiano, o trabalho dos investigadores parece não sair, muitas vezes, de uma bolha que por vezes estica, mas raramente rompe. E por falar em saudade, acabamos por sentir falta de algo que não sabemos definir (porque não há método para isto), mas que se assemelha a algo como carpir à mesa de um café com alguém que nos ouve, com quem possamos trocar experiências, receios, sonhos.
Por isso, a partilha e a abertura para o exterior é fundamental, ainda mais numa atividade que, além de serviço público, tem a responsabilidade de mudar o mundo. Para melhor. A SOPCOM existe para potenciar essa partilha e essa abertura, além de ser um ótimo ouvinte num café. Escrevam-nos, falem connosco, partilhem. As vossas batalhas também são quase sempre as nossas.
Dora Santos Silva, Secretária-Geral da Direção da SOPCOM |