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ENTREVISTA A:

Dora Mota

Nome Dora Mota
Instituição Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Áreas de investigação Ciências da Comunicação/Jornalismo
ORCID https://orcid.org/0000-0001-5308-4568
CIÊNCIA VITAE https://www.cienciavitae.pt//A91E-9E36-89C9

Como começou o teu percurso como investigadora? 
O meu percurso como investigadora começou pouco tempo depois da licenciatura, quando já trabalhava como jornalista, e me inscrevi no Mestrado em Ciências da Comunicação, na Universidade do Minho. Não terminei a minha tese, porque estava mais interessada em ser jornalista o tempo todo. Naquele início dos anos 2000, estavam a acontecer coisas muito empolgantes e o jornalismo não se fazia como hoje. A internet era muito pouco utilizada, e os telemóveis ainda eram uma coisa de elite — era mesmo preciso andar sempre na rua, num virote, para conseguir encontrar pessoas ou ir buscar documentos, e ver as coisas a acontecer. E eu escolhi o jornalismo em vez da academia. Porém, a minha pesquisa dessa altura — sobre as políticas para a televisão regional e local em Portugal — não caiu em saco roto. Com o incentivo do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, e no âmbito do projeto Mediascópio, trabalhei mais nela e foi publicada, num artigo e também num livro. Chamei-lhe “A televisão adiada” porque a existência da televisão regional e local em Portugal nunca foi regulamentada, sem que alguma vez fosse apresentada fundamentação relevante para isso. É um tema apaixonante, que começa com as televisões pirata e permanece atual, porque a lei não mudou. Talvez um dia volte a ele. Ter deixado o mestrado a meio deixou-me sempre com alguma frustração. Por outro lado, enquanto jornalista, o meu lugar natural e onde tenho sido mais feliz, é na secção Local. Trabalhei nos jornais O Comércio do Porto e Jornal de Notícias e, durante muitos anos, vi o meu trabalho ter impacto directo na vida das pessoas, percebendo como é importante ter cobertura noticiosa local de qualidade. Por isso, quando voltei à academia para o doutoramento, já tinha mais de 20 anos de jornalismo e sabia que queria trabalhar sobre os media locais. 

Qual foi o ponto de partida para o projeto de doutoramento que desenvolves? Fala-nos um pouco desse projeto.
O meu tema de pesquisa são os novos projectos de jornalismo de proximidade, que surgiram em plena crise do jornalismo, quando muitos meios locais encerraram, dando origem àquilo a que se chama “desertos de notícias” (Abernathy, 2020). Durante o primeiro ano de doutoramento, familiarizei-me com essa abordagem dos “desertos de notícias” que, entretanto, ganhou enorme adesão na academia, ao ponto de termos agora mapeamentos em vários países, incluindo Portugal (Jerónimo, P., Ramos, G., & Torre, L., 2022). Fala-se muito na crise do jornalismo local, mas fala-se menos na contra-crise, ou seja, nos projetos de jornalismo local que surgiram nestes últimos anos. Têm formas muito variadas e, em comum, a determinação e a afirmação da sua grande ligação às comunidades às quais se dirigem. Uns têm uma apresentação mais tradicional e generalista, outros têm uma agenda mais específica. 

Há uma vaga de nobilitação e sofisticação do jornalismo local, que o apresenta como essencial e se afirma independente, que é muito interessante e me deixou muito curiosa em conhecer melhor as pessoas que estão por trás dela. Depois, há o meu apego pessoal a este tema. Eu adoro trabalhar no jornalismo local, que é o parente pobre olhado com sobranceria por parte dos jornalistas que trabalham noutras áreas, como política ou economia ou temas de nacional e sociedade. Até se costuma dizer que, nas redacções, a secção Local é para onde vão os jornalistas de castigo. 

Quando vi surgirem projetos como a Mensagem de Lisboa; o Médio Tejo; o Sul Informação, no Algarve;  ou ainda a Coimbra Cooletiva; percebi a paixão desses jornalistas. É preciso muita coragem para se lançar nestas aventuras, quando os media estão a colapsar, e quando é impossível levar a cabo projetos desses sem grande sacrifício pessoal, esforço e dedicação permanente. Quis conhecer melhor estas pessoas, as suas motivações e estratégias, e aquilo que querem fazer no jornalismo. Há poucos estudos sobre esta nova classe dentro da classe, há quem diga até que eles deviam ter uma categorização própria dentro do jornalismo. Espero contribuir para a construção desse conhecimento.

Quais os principais desafios que encontraste no teu percurso enquanto investigadora? E que estratégias adotaste para lhes responder?
O meu grande desafio, desde o primeiro dia do doutoramento, é o tempo. Agora, vejo que fui demasiado arrojada em entrar numa aventura destas com dois filhos ainda crianças e sendo editora num jornal diário, a trabalhar a tempo inteiro. Claro que foi a fórmula para uma pequena desgraça. Ainda assim, com sacrifício, várias madrugadas a trabalhar e um apoio enorme do meu marido, consegui acabar esse primeiro ano com notas muito boas. Isso incentivou-me a continuar, mas não há milagres, nem sou uma super-mulher. Passei por situações na minha vida pessoal que me levaram a avançar bem mais devagar do que planeara. Ter filhos (tal como ter pessoas para cuidar, em geral) deixa-nos sempre sujeitos a imprevistos e, às vezes, a muitos imprevistos seguidos. À segunda tentativa, consegui a bolsa da FCT e…. no primeiro ano da bolsa, os meus filhos lesionaram-se e foram os dois operados, um a seguir ao outro. A vida acontece mesmo, e ganha a todos os nossos planos.

Nem sempre tenho aquele tempo seguido, sem interrupções, a deixar que a concentração se instale e que a escrita flua… Tenho que aproveitar o tempo que tenho, nos períodos que tenho, e arranjar maneira de instalar a concentração enquanto o Zotero abre. Desenvolvi um sistema de cores, notas e fichas de leitura que, infelizmente, comecei a usar demasiado tarde. Queria ler e escrever sofregamente porque me sentia atrasadíssima, tinha imensos artigos a surgir todos os dias e, a dada altura, estava assoberbada e desesperada, sem conseguir saborear mais nada na minha vida, a ter insónias ou a sonhar com os artigos que andava a ler. 

Respirei fundo, assumi que estava atrasada em relação ao previsto, mas que todos os dias eram bons dias para começar a trabalhar melhor. O meu sistema funciona bem e estou a avançar muito mais desde que o uso. Dedicar algum tempo a experimentar ferramentas que funcionam para nós é um tempo muito bem empregue. Falhar e atrasar-se também faz parte. Desligar o computador e não ler mais um artigo porque o nosso filho chegou e vamos brincar com ele, não é razão para sentir culpa. Não trabalhar numa tarde porque vamos almoçar com uma amiga, e o almoço demorar, faz muito bem à saúde. Esse tempo ajuda a que o tempo dedicado à tese corra melhor. Estou a afirmar isto com ares de pessoa sensata, mas eu debato-me com estas coisas todos os dias, tenho dificuldade em trabalhar em casa e estar sozinha, na maior parte do tempo. Por isso, todos os dias, repito alguns mantras. Faço exercício físico, procuro sair de casa e estar com outras pessoas.  

O meu problema é o tempo também noutra perspectiva. Sendo jornalista, estou habituada a mergulhar de cabeça e saber imensas coisas num só dia, e a escrever muito depressa. O trabalho académico é diferente, os dois mundos tocam-se e podem complementar-se, mas é diferente. Recomendo fortemente a todos os jovens investigadores que dediquem tempo a encontrar ferramentas que os levem a trabalhar com a sensação de que estão a construir, a selecionar e a avançar, e não a sentir-se derrotados com a quantidade de informação com a qual é preciso lidar. 

Atualmente, dedicas-te exclusivamente à investigação?
Sim, atualmente sou bolseira da FCT. Mas estou envolvida, de forma voluntária, num projeto de “jornalismo lento” local chamado A Flor do Tâmega, cuja equipa está interligada com a Universidade do Minho. Faço reportagens de fundo, de vez em quando, sobre temas do concelho de Amarante. É um projeto que me ajuda a oxigenar, porque eu gosto muito de ser jornalista e preciso disso. 

Imaginas o teu futuro ligado à investigação ou gostavas de conhecer outras áreas e enveredar por outros caminhos?
Consigo imaginar um futuro ligado à academia, mas gostava também de continuar a ser jornalista, de alguma forma. Com a minha pesquisa, a minha visão das possibilidades de fazer jornalismo foi ampliada e creio que posso sonhar com isso. Gostava que estes dois mundos se conhecessem e se compreendessem melhor, tanto a academia como o jornalismo ganhariam com isso. Poder ser um bocado dos dois tem sido uma experiência muito boa para mim.

Por que motivo integras o GT de Jovens Investigadores e o que mais gostas no grupo?
Primeiro, foi irresistível poder estar num grupo de jovens quando tenho mais de 40 anos! Agora a sério, parece-me que, em tudo na vida, se ganha muito mais com a cooperação do que a competição ou a compartimentação. Na minha área de pesquisa, fui agradavelmente surpreendida com um ambiente que é, em geral, cooperativo. Tive a ajuda de várias pessoas sem a pedir e sem estar à espera. Perceberam que eu era inexperiente e deram-me conselhos e palavras amigas. É estranho ser inexperiente na academia quando sou tão experiente na minha outra profissão. Este grupo puxa-nos para a cooperação e para um sentimento de reunião que está de acordo com os meus valores. Adoro receber a newsletter, que leio atentamente.

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