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ENTREVISTA A:

Luísa Torre

Nome Luísa Guimarães Torre
Idade 
36 anos
Instituição 
Universidade da Beira Interior (UBI)
Área de Investigação
 Jornalismo, Desinformação e Desertos de notícias

Como começou o teu percurso como investigador? Algum acontecimento ou evento particular suscitou o teu interesse pela área da investigação que atualmente desenvolves?

Trabalhei por cerca de 10 anos como jornalista em um meio regional multimédia, em Vitória (no Brasil), minha cidade de origem, entre 2008 e 2018. Foi neste percurso que surgiu o interesse por estudar desinformação. Em 2017, vivemos em Vitória um período de greve da Polícia Militar que durou em torno de 20 dias. Neste período, vivemos uma espécie de “lockdown”, com orientação das autoridades para que ficássemos em casa, uma vez que os índices de criminalidade explodiram em toda a região metropolitana. Nós, jornalistas, no entanto, estivemos o tempo todo na redação. Vivemos uma verdadeira avalanche de informação e de desinformação pelos canais de participação do público, especialmente as redes sociais, onde começaram a chegar milhares de mensagens diárias em texto, áudio e vídeo com conteúdos que não se sabia se eram verdadeiros ou falsos. No meio de vídeos que realmente retratavam tiroteios e mortes que estavam acontecendo durante aquela greve, havia excertos de filmes, vídeos antigos gravados em outras localidades, sátiras, áudios falsos…  Lidar com aquilo foi algo novo para todos nós. Este episódio me despertou o interesse pela investigação. Alguns meses depois, ingressei como aluna no mestrado em Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e essa inquietação com esta nova rotina – o público a pedir e a precisar de que os jornalistas passassem a verificar a autenticidade de conteúdos que circulavam na internet – acabou virando tema de um projeto de mestrado. Acabei por ingressar no mestrado na UFES e cursei um semestre e meio. No entanto, no meio deste percurso, veio o aceite do mestrado na Universidade do Porto e acabei por me mudar para Portugal.

Podes apresentar-nos um pouco da tua produção científica enquanto investigadora?

Tenho estado dedicada à investigação há pouco tempo e ainda sou bem iniciante na área, o que se reflete na minha produção científica. Antes de entrar no doutoramento em 2021, participei de dois eventos científicos e escrevi um capítulo de livro, resultado da dissertação de mestrado, que acabou por ser publicado apenas em 2022 (“Fake News, Post-Truth and Journalism: Weakenesses and Strategies in 2018 Brazilian Elections”). Mas desde junho de 2022, quando ingressei no projeto MediaTrust.Lab (Laboratório de Media Regionais para a Confiança e Literacia Cívicas, coordenado por Pedro Jerónimo, um antigo membro do GT JI e atualmente meu orientador), fiquei totalmente dedicada à investigação. A partir deste percurso, participei em diversos congressos e conferências nacionais e internacionais – incluindo, por exemplo, o IAMCR em Lyon -, sempre investigando o campo da desinformação, o jornalismo, o fact-checking, e um tema que tem me fascinado e que conheci no projeto, os desertos de notícias. A minha primeira tarefa no projeto foi realizar um mapeamento dos desertos de notícias em Portugal, ou seja, aqueles concelhos onde não há media ou onde há produção insuficiente de notícias sobre a realidade local, um estudo pioneiro também na Europa, realizado em parceria com o colega Giovanni Ramos (“Desertos de Notícias Europa 2022: Relatório de Portugal”). A partir deste mapeamento, e considerando as questões investigadas no projeto, desenvolvi junto com o Pedro Jerónimo um artigo sobre desinformação em contextos locais, considerando a existência de desertos de notícias, e a possibilidade de os cidadãos se envolverem nos processos de fact-checking. Este artigo foi publicado na revista brasileira Texto Livre em abril de 2023 e foi meu primeiro artigo publicado em uma revista científica  (“Esfera pública e desinformação em contexto local”). Depois, mais uma vez, nesta temática dos desertos de notícias, verificamos se havia correlação estatística entre as taxas de abstenção nas eleições (legislativas em Portugal, e gerais no Brasil) e a existência de desertos de notícias. Este estudo, feito com o Giovanni Ramos e o Pedro Jerónimo, foi publicado na revista Social Sciences (“No Media, No Voters? The Relationship between News Deserts and Voting Abstention”). Temos também outros artigos em fase de revisão mais focados nos resultados do projeto, que inclui análise a um inquérito nacional com jornalistas e a grupos de foco realizados com jornalistas e audiências, sempre na perspetiva da desinformação em contextos de proximidade e os reflexos disso na atividade jornalística. Alguns desses resultados já temos apresentado em conferências.

 
Tens sido especialmente influenciado por algum/a autor/a e/ou tradição teórica?

Sempre fui influenciada pela teoria crítica. Em parte, pela minha formação na licenciatura na UFES e por ter muitos professores ligados a esta tradição. Mas em parte também porque penso que só será possível responder a diversas questões com as quais nos deparamos no jornalismo hoje se lançarmos um olhar crítico relativamente aos media. Para compreender a crise que os media enfrentam, precisamos compreender aspetos históricos, culturais e económicos. E é fundamental compreender também as relações de poder em que os media estão imbricados para perceber, por exemplo, dinâmicas de desinformação e as respostas do jornalismo a elas. Por isso, na minha dissertação de mestrado, decidi recorrer à Análise Crítica do Discurso para compreender as relações de poder entre os discursos dos fact-checkers do Grupo Globo, do Brasil, e os produtores de desinformação. Meu interesse era desvendar as estratégias discursivas às quais recorrem para compreender o fenómeno da desinformação do ponto de vista dos media.


Qual foi o ponto de partida para o projeto de doutoramento que desenvolves? Fala-nos um pouco sobre ele.

Iniciei o doutoramento em 2021 com a ideia de entrar em uma área que me desperta muito interesse, a análise de redes sociais. Queria compreender quem eram os atores que disseminavam desinformação e os atores que publicavam fact-checking no Facebook em contextos eleitorais, e como eles estavam conectados. No entanto, depois de algum trabalho exploratório, percebi que havia limitações na recolha de dados que não me permitiriam responder às questões que eu gostaria de investigar. Decidi, então, partir para um outro projeto sobre algo que tínhamos identificado na altura da produção do relatório sobre os desertos de notícias. Ao fim do relatório, havia uma pergunta muito importante e que me suscitava muita curiosidade e vontade de investigar: como se informam os indivíduos que vivem nos desertos notícias? Ou seja, quando não há media, como as pessoas sabem do que se passa em sua realidade local? E há diferenças nas fontes de informação que os indivíduos consomem nos desertos de notícias e nos não-desertos? Fizemos diversos debates, eu, o Pedro Jerónimo e o Giovanni Ramos, sobre essa questão, levantamos várias hipóteses. Decidi levar esta ideia para o doutoramento e estou muito entusiasmada para conseguir respostas. Penso que é só o começo de uma investigação maior sobre esse tema que tem muito a ser explorado.


Quais os principais desafios que encontraste no doutoramento e/ou no percurso enquanto investigadora? Que estratégias adotaste para responder a tais desafios?

Durante o mestrado e no primeiro ano do doutoramento, estava trabalhando na área do marketing e não conseguia me dedicar muito à produção científica. Levei algumas negas em revistas e congressos e isso me desanimou bastante. Mas é preciso amadurecer, compreender o campo, perceber o que é ser investigador. E com os feedbacks que recebi consegui perceber algumas dificuldades que tinha e corrigir isso. Percebi que tinha mesmo algumas falhas a nível de metodologia e passei a ler os artigos científicos com mais atenção a esta estrutura que se espera, de explicitar escolhas metodológicas, pormenorizar mais os procedimentos metodológicos, o caminho da investigação. Foi um processo de amadurecimento. Mesmo no meu projeto inicial do doutoramento se percebia que haveria ali alguns desafios metodológicos que por fim inviabilizaram a investigação. Era mesmo uma falta de experiência e maturidade no campo da investigação que tenho trabalhado muito para superar. Além disso, quando você não está completamente dedicado à investigação, é difícil se concentrar nisso depois de trabalhar 8 horas no dia. É solitário e é difícil ter foco quando não se é tão disciplinado, que é o meu caso. Mas percebi que para mim conhecer as ideias de autores da comunicação era algo prazeroso, que me despertava a vontade de ler mais, de escrever, de debater. Então trabalhei para poder ter essa dedicação exclusiva à investigação.


Durante a frequência do doutoramento, algum aspecto te surpreendeu positivamente? E negativamente? 

O ambiente académico e, em especial, as pessoas que o compõem são certamente uma surpresa positiva para mim. Sempre ouvi muitos comentários sobre os egos na academia, e sim, isto existe, mas me deparei com um ambiente instigante, cheio de pessoas agradáveis, onde posso trocar ótimas ideias. O trabalho de investigação também é algo muito prazeroso, mas isso não foi propriamente uma surpresa. Do lado negativo é mesmo toda a precariedade com que o investigador têm de lidar, os contratos a termo, a falta de direitos trabalhistas e as poucas oportunidades. Também não é propriamente uma surpresa mas pensava que essa situação era menos generalizada do que realmente é.

Atualmente, dedicas-te exclusivamente à investigação?

Sim. Desde junho de 2022 integro o projeto MediaTrust.Lab – Laboratório de Medias Regionais para a Confiança e Literacia Cívicas, do LabCom/UBI, como bolseira de investigação. Neste último concurso da FCT, recebi uma nova bolsa de investigação para o desenvolvimento da tese.


Como é que organizas o teu dia a dia de trabalho com a vida quotidiana?

Atualmente, tenho uma rotina bastante normal – trabalho presencialmente no LabCom na UBI, na Covilhã, de segunda a sexta. Depois de tanto tempo de teletrabalho, tenho valorizado muito estar presencialmente no LabCom, com meu orientador e com os colegas, pois sinto que a troca é muito rica. Com a transição para a outra bolsa, em que estarei mais independente, espero poder me manter presente no LabCom com alguma frequência.


Imaginas o teu futuro ligado à investigação ou gostavas de conhecer outras áreas e enveredar por outros caminhos?

Me vejo a realizar investigação. Quando mudei para Portugal para fazer o mestrado, a ideia era voltar quando acabasse. A carreira académica não era algo que eu enxergava como um caminho profissional. Mas decidi ingressar no doutoramento em meio à pandemia, quando ainda não havia perspetivas de melhora e acredito que foi a melhor decisão que tomei. Não foi algo muito planejado, mas acredito que todo o meu percurso profissional e pessoal me trouxe até a investigação. Muitas questões que me interessam investigar são aquelas que me inquietavam quando era repórter. Sempre senti esse impulso de buscar investigar essas questões ligadas ao jornalismo e aos jornalistas. Portanto agora vejo o meu caminho profissional na investigação.

Por que motivo participas no GT de Jovens Investigadores da Sopcom e o que mais gostas neste grupo?

Conheci o GT JI em 2018, quando estava no mestrado e respondi a uma chamada para ser voluntária na organização de um encontro na Universidade do Porto. Todos os participantes que estavam ali eram muito gentis e acolhedores, e partilhavam seus medos, anseios, desafios. Pensei que era mesmo um grupo em que todos se apoiavam, trocavam ideias, se ajudavam. Depois fui novamente voluntária em um Congresso da ObCiber, onde conheci o Pedro Jerónimo, que na época também era do GT. Então ficou essa referência de pessoas fixe que estavam ali. Mas acabei por passar uns 2 anos um bocado afastada dos eventos académicos, até por causa da pandemia também, e não tive mais contato com o GT JI. Quando comecei a trabalhar no LabCom, conheci outras pessoas que eram novos membros do GT e que são pessoas que estimo muito. Percebi que é um dos grupos mais dinâmicos da Sopcom, onde há mais eventos e mais trocas acontecendo. Gosto mesmo dessa dinâmica, de sentir que faço parte de uma comunidade onde há sempre algo a acontecer, e onde posso contar com as pessoas.

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