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ENTREVISTA A:

Paulo Victor Melo

Nome Paulo Victor Melo
Idade 37
Instituição Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa (ICNOVA FCSH)
Áreas de investigação Tecnologias digitais e desigualdades; Políticas de Comunicação.

Como começou o teu percurso como investigador? Algum acontecimento ou evento particular suscitou o teu interesse pela área da investigação que atualmente desenvolves?

O meu percurso como investigador teve início ainda na graduação (ou licenciatura, como é chamada a graduação em Portugal), quando atuei como bolsista de pesquisa e extensão em projetos sobre comunicação popular e comunitária. Foi já naquela época que despertei para a importância tanto da pesquisa quanto da extensão no diálogo entre universidade e sociedade.

Podes apresentar-nos um pouco da tua produção científica enquanto investigador?

Mencionando apenas a minha produção a partir de 2020, pouco depois que finalizei o doutoramento: coorganizei dois livros, publiquei, ou como único autor ou em coautoria, cinco capítulos de livros; publiquei, ou como único autor ou em coautoria, oito artigos em periódicos científicos nacionais e internacionais; e publiquei cinco textos em relatórios e boletins. O detalhamento dessas produções está no meu Ciência Vitae.

Tens sido especialmente influenciado por algum/a autor/a e/ou tradição teórica?

Sim, por um conjunto de autores(as) que discutem a relação entre comunicação e relações étnico-raciais. Uma referência, por exemplo, é o professor Muniz Sodré e as suas contribuições sobre o papel dos media como catalisadores de expressões políticas sobre a questão étnico-racial. Outro autor relevante na minha trajetória é o Joel Zito Araújo, sobretudo a sua produção que discute comunicação pública e diversidade étnico-racial. Menciono também a professora Raquel Paiva, com as suas reflexões sobre comunicação comunitária, é outro “farol” de investigação. Outras importantes referências são a Simone Browne, com os seus estudos sobre vigilância racializada; a Safiya Noble e o Tarcízio Silva, que trabalham o tema do racismo algorítmico; o David Lyon, que é um dos mais relevantes teóricos dos estudos de vigilância; o Nêgo Bispo, com a sua proposta do contracolonilaismo; o Achille Mbembe, com o seu conceito de Necropolítica; e a Cida Bento, com a sua obra seminal, O Pacto da Branquitude.

Qual foi o ponto de partida para o projeto de pós-doutoramento que desenvolves? Fala-nos um pouco sobre ele.

Logo após a conclusão do doutoramento, em que desenvolvi uma tese sobre políticas de comunicação e participação social na América Latina, comecei a ter maior interesse pelas questões envolvendo tecnologias digitais, vigilância e desigualdades, sobretudo as desigualdades étnico-raciais. Um marco fundamental para este interesse foi ter conhecimento de sucessivos casos de pessoas que foram identificadas de forma equivocada por tecnologias como o reconhecimento facial. Me chamou a atenção tanto o fato dessas pessoas identificadas equivocadamente serem negras quanto a ocorrência desses casos em diferentes contextos nacionais (Brasil, Estados Unidos, Reino Unido…). Foi a partir de então que disse para mim mesmo: “quero estudar isso, entender o que está em jogo na ampliação do uso dessas tecnologias de vigilância”.

Considerando este interesse, aprofundei a minha leitura sobre vigilância racializada, racismo algorítmico e outros conceitos que apresentam contribuições para a compreensão dessa relação entre tecnologias digitais, vigilância e desigualdades étnico-raciais. No aprofundamento desta leitura, identifiquei que há ainda uma necessidade de estudos que observem como essas tecnologias têm evoluído e se consolidado, especialmente sob um discurso de garantia de segurança aos cidadãos e cidadãs. Se nós observarmos, onde há vigilância em ruas, avenidas e transportes públicos, há um discurso supostamente naturalizado de que essa vigilância é para nos proteger. Foi então que decidi escrever um projeto sobre a tecnovigilância no espaço público no Brasil e em Portugal, buscando, especialmente, construir um panorama pormenorizado dessa questão nos dois países. Submeti o projeto a um edital do ICNOVA e tive a felicidade de ser aprovado para a bolsa de pós-doutoramento.

Quais os principais desafios que encontraste no pós-doutoramento e/ou no percurso enquanto investigador?

O principal desafio no pós-doutoramento tem sido o acesso a certos dados oficiais. Ou, dito de um outro modo, a insuficiência ou mesmo inexistência de muitos desses dados. A ideia de uso de tecnologias de vigilância, nomeadamente na segurança pública, parece tão naturalizada, quase que como uma obrigação, que os órgãos públicos têm investido muito dinheiro na ampliação desses sistemas de vigilância sem dados estatísticos, sem diagnósticos sobre as reais necessidades e também sem muita preocupação com implicações no direito à privacidade e na violação de outros direitos.

Que estratégias adotaste para responder a tais desafios?

Considerando que o principal desafio no meu caso é a dificuldade em acessar dados, ou trabalhar com um fenômeno em que são produzidos poucos dados oficiais, a minha estratégia tem sido recorrer a metodologias que possam fornecer perspectivas múltiplas sobre a questão da tecnovigilância no espaço público. Neste sentido, tenho realizado entrevistas com os órgãos envolvidos na política de tecnovigilância (ministérios, polícias, Poder Legislativo, etc.) e também com instituições da sociedade civil, sobretudo as representativas de segmentos racializados da população ou as que estão localizadas em áreas onde há sistemas de tecnovigilância.

Atualmente, dedicas-te exclusivamente à investigação?

Não. Além da investigação no ICNOVA, também atuo como professor auxiliar, no IADE/Universidade Europeia, na licenciatura em Ciências da Comunicação. E ainda coordeno o Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da Universidade Federal da Bahia, no Brasil, onde realizamos estudos e investigações sobre políticas de comunicação e direitos humanos.

Como é que organizas o teu dia a dia de trabalho com a vida quotidiana?

Eu costumo dizer que o trabalho de pesquisa é algo importante na vida de um investigador, mas que nem de perto é a coisa mais importante. É por isso que busco dedicar tempo para ler obras que não tenham relação com o meu tema de pesquisa, para ver filmes, para assistir futebol, para ir ao cinema, para apreciar um concerto, para dar risada com amigos e família. E procuro um tempinho também para simplesmente não fazer nada. Então, há semanas em que consigo produzir mais, há semanas em que não consigo me concentrar direito. E, honestamente, está tudo bem. E digo isso porque sou  profundamente crítico à lógica neoliberal que se instalou no meio científico, que tem como uma das faces a ideia de que precisamos produzir, produzir e produzir, quase que como máquinas. Essa lógica, sustentada na ideia de rankings, só produz adoecimento. Produzir ciência exige tempo, tranquilidade e cabeça no lugar. E se não nos cuidarmos, cultivando outras atividades prazerosas, não há cabeça no lugar, a investigação – que deve ser igualmente prazerosa – vira uma prisão e ficamos doentes.

Imaginas o teu futuro ligado à investigação ou gostavas de conhecer outras áreas e enveredar por outros caminhos?

Atuar na docência e na investigação é algo que já decidi há uns anos como meu “lugar” profissional no mundo.

Por que motivo participas no GT de Jovens Investigadores da Sopcom e o que mais gostas neste grupo?

Participo do GT por dois motivos: o primeiro é porque só acredito em construção de conhecimento que seja coletiva. Estar em grupo é algo fundamental, tanto para discutirmos com outras pessoas as ideias que temos quanto para termos contato com outras pesquisas, que podem nos ajudar na percepção dos fenômenos que queremos investigar; o segundo motivo é porque, desde que cheguei a Portugal, vejo o GT de Jovens Investigadores como um lugar pulsante, com muita potência de iniciativas comuns que favoreçam não apenas a produção coletiva, mas que, acima de tudo, contribuam no debate sobre os perigos da mercantilização da ciência, como mencionei anteriormente.

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