Nome Sofia P. Caldeira
Idade 32 anos
Instituição CICANT, Universidade Lusófona
Área de investigação Estudos feministas de media; Culturas digitais e redes sociais
Como começou o teu percurso como investigadora? Algum acontecimento ou evento particular suscitou o teu interesse pela área da investigação que atualmente desenvolves?
O meu percurso académico passou por várias áreas: licenciei-me em Arte e Multimédia, fiz o mestrado em Antropologia e Culturas Visuais e o doutoramento em Ciências da Comunicação. Ao longo deste percurso mantive sempre um interesse no papel dos media e da imagem enquanto práticas culturais, mas após a licenciatura percebi que preferia investigar e escrever sobre imagens do que criá-las eu.
Na minha adolescência, a partilha de fotografias em redes sociais como o MySpace ou o PhotoBlog fez parte das minhas experiências formativas. No entanto, quando o Instagram surgiu em 2010 estava um pouco céptica em relação a esta plataforma. A minha tese de mestrado, concluído em 2014, começou a explorar esta rede social e as práticas de auto-representação que nela se desenvolviam. Esta investigação foi o ponto de partida para compreender a complexidade destes ambientes digitais. Desde então o meu interesse cresceu, tendo dedicado o meu doutoramento à exploração de questões de género subjacentes a práticas de auto-representação no Instagram. E actualmente exploro práticas feministas e políticas (ou tangencialmente políticas) no Instagram, nomeadamente no projecto de Marie Curie Fellowship que vou iniciar em Setembro de 2022: “Exploring Ephemeral Feminisms on Portuguese Instagram.”
Podes apresentar-nos um pouco da tua produção científica enquanto investigadora?
A minha produção cientifica começou no âmbito do meu mestrado, que adaptei a um artigo que foi publicado na Observatório(OBS*). Ao longo do meu doutoramento publiquei, independentemente e em co-autoria com os meus orientadores Sofie Van Bauwel e Sander De Ridder, vários artigos em jornais académicos centrais à minha área de estudo, incluindo em Feminist Media Studies (2020), Social Media + Society (2020), European Journal of Cultural Studies (2022) e Information Communication & Society (2020).
Actualmente o meu foco tem sido na exploração de feminismos online, estando a trabalhar numa série de artigos, ainda no longo limbo do processo de publicação académica.
Tens sido especialmente influenciada por algum/a autor/a e/ou tradição teórica?
O meu trabalho incluí-se sobretudo nas tradições dos estudos culturais e estudos feministas de media. Elencar nomes é sempre uma tarefa ingrata, porque inevitavelmente fica sempre alguém de fora cujo trabalho merece reconhecimento. Existem imensas investigadoras e investigadores cujo trabalho tem sido uma influência recorrente, desde Sara Ahmed, Crystal Abidin, Katriin Tiidenberg, Sarah Banet-Weiser, Roger Silverstone, Rosalind Gill, etc, etc, etc. Em Portugal, o trabalho da Carla Cerqueira, Ana Jorge, Inês Amaral, Rita Basílio Simões, entre outras, tem sido extremamente importante para os meus projectos mais recentes.