A diversidade disciplinar enriquece os estudos de comunicação
A comunicação como campo científico e
formação académica em Portugal é, como se sabe, relativamente jovem. Tem sido
apontado o ano de 1979 como uma data chave para a institucionalização desta
área na universidade, altura em que foi criada a primeira licenciatura em
Comunicação Social na FCSH da Universidade Nova de Lisboa. Este foi um acto
inaugural de uma dinâmica que expandiu o estudo e a investigação em comunicação
pelas universidades, institutos politécnicos e algumas escolas profissionais de
todo o país. Desde então, tal como ocorreu em outros países, assistiu-se ao que
John Durham Peters referiu ser “a tentativa paradoxal de criar uma entidade
institucional específica (um campo científico) fora de uma entidade intelectual
universalista (a comunicação)” (1986: 528). O risco é que o fechamento
disciplinar do estudo e investigação em comunicação possa reduzir a capacidade
conceptual de a entender e sobre ela intervir com vista à promoção e manutenção
de uma sociedade democrática.
A tendência administrativa para uma
estreita disciplinarização tem tido, como começa a ser reconhecido para o caso
da economia, consequências nefastas para o conhecimento social e desastrosas
para a sociedade. Uma boa compreensão da comunicação implica um esforço
conceptual e pluralidade disciplinar.
Se entendermos a comunicação como um
processo social produtor de um mundo com sentido, relações humanas e
instituições sociais, o rumo da comunicação enquanto disciplina não pode ser o
da auto-exclusão do universo das ciências sociais, negligenciando as suas
contribuições. Se o caminho for o do viés disciplinar, a comunicação como área
de conhecimento corre o perigo sério de ser esvaziada do seu fim: cooperar para
o fortalecimento, quer em termos teóricos quer na prática, da vida democrática.
As ciências da comunicação estariam transformadas num campo de conhecimento de
cunho utilitário, numa policy science, ao serviço da resolução de problemas nos
quais de alguma forma a comunicação está envolvida; seriam meramente um meio
para atingir objectivos instrumentais.
Se, pelo contrário, for partilhada a
ideia de que um dos aspectos mais fascinantes no campo da comunicação é a
riqueza e variedade dos debates que o atravessam, então há que dar as
boas-vindas à pluralidade de abordagens epistemológicas, disciplinares,
teóricas e metodológicas. Tanto quanto a comunicação está incorporada num
quadro social e é chamada a participar na dinâmica social, as ciências da
comunicação, embora sendo uma área disciplinar identificável e dotada de
autonomia relativa, integram uma linhagem comum do conhecimento – as ciências
sociais. Todos os fenómenos comunicacionais têm uma faceta antropológica,
sociológica, cultural, política, económica, psicológica, semiótica,
tecnológica, teológica, etc. Tal é tanto mais importante quanto a comunicação é
hoje sujeita à expansão tecnológica, em particular digital, bem como à
intervenção de áreas científicas e da engenharia que tendem a não concebê-la
como fenómeno social.
Por todas as razões elencadas, a SOPCOM
tem procurado acolher colegas oriundos das mais variadas áreas disciplinares.
Se o nosso olhar sobre os fenómenos comunicacionais é mais rico quando não se
circunscreve a um estreitamento disciplinar excessivo, também a nossa
associação se torna mais forte ao manter o ser carácter favorável à
multidisciplinariedade.
Filipa Subtil Vogal da Direcção da SOPCOM
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Assembleia Geral da SOPCOM - 22 de abril |
Está agendada para 22 de
abril a Assembleia-Geral anual de sócios da SOPCOM. A agenda de trabalhos prevê
a apresentação e aprovação do Relatório de Atividades e Contas de 2016 e do
Plano de Atividades para 2017. A reunião foi convocada para as 14h00 e realiza-se
em Lisboa, na sala S011 da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
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10º SOPCOM: call aberto até 30 de maio |
Encontra-se
aberta até 30 maio a chamada de trabalhos para o 10º Congresso da Sopcom,
subordinado ao tema “Ciências da Comunicação: Vinte Anos de Investigação em
Portugal”, que decorrerá entre 27 e 29 de novembro de 2017, no Instituto
Politécnico de Viseu.
Mais
informações aqui: http://sopcom17.esev.ipv.pt/#
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Seminário “Participação civil na governação da Internet” |
O CECS e a
Unidade Operacional em Governação Electrónica, da Universidade das Nações
Unidas, organizam no próximo dia 5 de abril (15h00), no anfiteatro da Escola de
Engenharia (UMinho – Campus de Gualtar), o seminário “Participação Civil na
Governação da Internet”. A iniciativa conta com o apoio do GT de Economia e
Políticas da Comunicação da Sopcom.
Mais info: http://www.cecs.uminho.pt/seminario-participacao-civil-na-governacao-da-internet/
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7º Webinário GT Jovens investigadores |
O GT Jovens Investigadores promoveu no passado dia 27 de março de
2017, um webinário sobre o tema“Guerra e reportagem: a atividade jornalista e os
media impressos na I Guerra Mundial (1914-18)”, proferido pela Prof.ª Carla Baptista,
professor da FCSH da Universdiade Nova de Lisboa. O vídeo do
webinário está disponível na página do
GT.
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3ª Edição da Escola de Verão da Sopcom |
Organizada pelo GT Jovens
Investigadores, a terceira edição da Escola de Verão da SOPCOM irá decorrer nos dias 28,
29 e 30 de junho, na Universidade
Lusófona do Porto. Subordinada ao tema Investigação em Comunicação: Experiências e Expectativas, a edição
de 2017 oferecerá workshops, sessões de
mentoria e oportunidades de networking para todos osinvestigadores,
estudantes de mestrado, doutoramento e investigadores/as de pós-doutoramento participantes.
Para mais informações: escoladeveraosopcom.wordpress.com
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Eberwein, T.; Fengler, S. & Karmasin, M. (2017). The european handbook of media accountability. Routledge
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Audiences2030
28-29 setembro, 2017 | Universidade Católica Portuguesa, Lisboa |
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Sónia Manuela Martins de Sá
Doutoramento em Ciências da Comunicação, Universidade da Beira Interior, 29 de março 2017: “Jornalismo Integrador. O Noticiário Televisivo na Era da Abundância Informativa”.
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