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de setembro de 2022
EDITORIAL

A indústria da publicação científica

As revistas científicas são, por definição, publicações que assumem um importante papel de difusão do conhecimento e de transferência de saber. Têm atualmente uma função idêntica à das “cartas eruditas” que, no passado, motivavam estimulantes reuniões de discussão sobre achados científicos e debate sobre perspetivas de leitura e compreensão dos fenómenos naturais e sociais. Padecem hoje, no entanto, do mal geral de todas as coisas que entram na lógica fabril da produção em série. Ferem-nas os imperativos que afetam, de modo transversal, todos os processos de industrialização: a quantidade, a estandardização, a competição e a vulgarização. 

O crescimento dos espaços de publicação, com a multiplicação destes academic journals e de edições de livros, é, sem dúvida, à partida, um sinal positivo do desenvolvimento do campo científico e do alargamento de um espaço de reflexão crítica que já não é mais exclusivo de grupos de exceção. No entanto, tem também efeitos perversos que, pelo menos no domínio das Ciências Sociais e das Humanidades, ameaçam a excecionalidade do pensamento crítico. Sabemos que, pelo seu caráter periódico, as revistas tendem a privilegiar a disseminação de resultados de investigações recentes. Porém, a absolutização deste princípio, associada a uma lógica de produtividade favorável a uma espécie de publicação em série, está a impor-nos um sistema que ainda só alguns questionam, mas que deveria ser objeto de reflexão alargada. 

Para passar no crivo editorial das revistas, um artigo é, genericamente, avaliado em vários critérios: a qualidade da escrita, a relevância da temática, a pertinência científica, o suporte em dados empíricos, a diversidade e atualidade de referências e a expectativa de que dê lugar a citações. Dir-se-ia que tudo isto é válido e compreensível. Mas há dois aspetos que são discutíveis, muito discutíveis mesmo. Primeiro, ainda que se compreenda a necessidade de valorizar a chamada investigação aplicada, por aí se ver em parte o impacto do conhecimento produzido, o favorecimento quase absoluto das chamadas pesquisas empíricas sobrepõe, muitas vezes exageradamente, o valor dos dados ao valor das ideias. Segundo, mesmo admitindo que uma publicação – tal como um produto mediático – só faça sentido se despertar o interesse de potenciais leitores, o imperativo das métricas de downloads e citações é muito mais motivado pelo princípio do mercado económico do que pela gratuita troca simbólica de saber. São as lógicas dos rankings, do prestígio e às vezes do lucro que motivam estes critérios nem sempre compatíveis com o interesse público do conhecimento. 

Embora seja difícil perspetivar uma retificação deste modelo que formata a ciência a um molde capitalista – até porque quem está no jogo tem sempre de jogar com as regras do jogo – que, pelo menos não nos dispensemos de questionar. Porque essa também é a forma por onde começa toda a vontade de conhecer. 

PS: Pode dizer-se que as questões levantadas neste texto são fruto do desdém de quem publica pouco. Ou que pecam por serem enunciadas por quem também dirige uma revista. Que a comunidade científica as leia, porém, como uma preocupação que se julga coletiva. 

Madalena Oliveira

DESTAQUES
XIV Congresso da Lusocom 2022
As direções da Lusocom e da Sopcom organizam, na Universidade do Porto, nos dias 25 e 26 de outubro, o XIV Congresso da Luscom, inicialmente previsto para 2020, mas adiado pela pandemia. Este encontro terá como tema específico “Meios Digitais e Cidadania nas Redes Interculturais de Língua Portuguesa”. Inscrições abertas.
II Seminário de História da Comunicação
O GT de História da Comunicação promove, dias 28 e 29 de novembro, um seminário dedicado ao tema "Autoritarismo e Democracia: caminhos e conquistas". O evento terá lugar na Fundação Mário Soares e Maria Barroso, em Lisboa. A chamada de trabalhos está aberta até 15 de outubro.
Ana Isabel Reis é a nova Provedora do Ouvinte da RTP
Com um longo percurso de investigação e docência nas áreas do jornalismo radiofónico e história da rádio, Ana Isabel Reis sucede à jornalista Graça Franco como Provedora do Ouvinte da RTP. O seu nome foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Opinião desta instituição no passado 5 de setembro.
Ana Isabel Reis foi jornalista de rádio durante 20 anos e é professora na Universidade do Porto desde 2006. Enquanto membro da Sopcom, está ligada a três grupos de trabalho: História da Comunicação, Jornalismo e Sociedade, e Rádio e Meios Sonoros.
Colóquio Retórica, Literatura e Cultura
O GT de Retórica, em conjunto com as unidades de investigação LabCom, Praxis e CICANT, promoveu, nos dias 22 e 23 de setembro, o colóquio "Retórica, Literatura e Cultura", na Universidade da Beira Interior.
4.ª Escola de Verão do GT de Jovens Investigadores
Entre os dias 5 e 7 de setembro, o GT de Jovens Investigadores realizou a 4.ª edição da Escola de Verão. No primeiro dia do evento, online, tiveram lugar as mentorias. Posteriormente, nos dias 6 e 7 de setembro, na Universidade Lusófona do Porto e em regime híbrido, cerca de 30 participantes e mais de 15 oradores/as reuniram-se para pensar e debater as Rotas de Investigação em Comunicação, além de oficinas de SPSS e NVivo. 
36.º Webinário
Neste webinário, promovido pelo GT de Jovens Investigadores, Helder Prior discutiu a mecânica populista no ecossistema digital por meio de uma investigação sobre a comunicação de André Ventura no Twitter.
Jovem Investigadora em Destaque
Camila Lamartine foi entrevistada pelo GT de Jovens Investigadores no mês de setembro. Conheça o percurso da doutoranda pelo ICNOVA (Universidade Nova de Lisboa) dedicada aos estudos feministas dos media; culturas e práticas digitais; rredes sociais digitais e ativismos. Leia aqui a entrevista completa.
PUBLICAÇÕES
Contributos para uma história dos jornalistas em Portugal
O livro, coordenado por Carla Baptista e Carlos Camponez e publicado pelo ICNOVA, assinala aspetos marcantes do processo histórico que marcou as principais transformações da profissão jornalística. 
Disponível em acesso aberto.
Pequena história de um grande jornalismo II: da segmentação à digitalização
A obra obedece, na sua ordenação e exposição, à interpretação pessoal do autor, Jorge Pedro Sousa, sobre o devir histórico, já que a sucessão de factos ao longo da história, alguns mais notáveis e notados do que outros, não tendo significado a priori, necessita de interpretações que a tornem inteligível e compreensível. Editora ICNOVA. 
Disponível em acesso aberto.
Para uma história das revistas de informação geral em Portugal
Pela primeira vez, publica-se uma obra de fôlego que descreve e caracteriza de forma sistemática e cronológica o fenómeno revista de informação geral em Portugal. Editado por Carla Rodrigues Cardoso, Celiana Azevedo e Jorge Pedro Sousa e publicado pelo ICNOVA. 
Disponível em acesso aberto.
Para uma história das revistas de informação geral em Portugal
O livro de Samuel Mateus, publicado pelo LabCom - Comunicação e Artes, apresenta um manual para o exercício da assessoria de imprensa, uma área estratégica da comunicação.
Disponível em acesso aberto.
Mobilidade e Inteligência Artificial: os Novos Caminhos do Jornalismo
Organizada por João Canavilhas, Catarina Rodrigues, Ricardo Morais e Fábio Giacomelli (LabCom - Comunicação e Artes), a obra resulta do  5º JDM – Congresso Internacional de Jornalismo e Dispositivos Móveis, realizado em dezembro de 2021. 
Disponível em acesso aberto.
Novo Rádio, Velhas Narrativas: Apropriações Estéticas na Ficção e no Jornalismo Sonoros
Este livro deriva de uma pesquisa realizada por Debora Cristina Lopez em um estágio de pós-doutoramento desenvolvido junto à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e supervisionada por Sonia Virgínia Moreira.
 Disponível em acesso aberto.
Transforming Magazines: Rethinking the Medium in the Digital Age
Este livro, editado por Carla Rodrigues Cardoso e Tim Holmes (Editora Cambridge Scholars) é um contributo vital para o desenvolvimento dos Estudos de Revistas. Mostra a necessidade urgente de a indústria e o meio académico encontrarem em conjunto soluções para os desafios enfrentados pelas revistas na sua transição para os formatos digitais. 
Disponível em aqui.
Rhêtorikê N. 8 (2022)
A Rhêtorikê - revista digital de retórica, editada por Samuel Mateus e publicada pelo LabCom - Comunicação e Artes, acaba de publicar o seu último número. São oito artigos que espelham a diversidade de objetos de estudo da retórica, desde a prática epistolar e discurso judicial, passando pela arquitetura e retórica politica, até à argumentação. Disponível em acesso aberto.
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